“Fernando, parabéns pela coragem de tentar adaptar o livro de Saramago.” Esta seria a frase mais otimista que teria para dizer ao grande diretor Fernando Meirelles se o conhecesse. Porque é preciso muita coragem para tentar traduzir em recursos áudio visuais a literatura de José Saramago. O risco de ficar na tentativa é imenso. Metáforas, aliterações, metonímias em linguagem escrita podem ser substituídas pelas cores, enquadramentos de câmeras e trilha sonora do cinema? Até hoje eu estava certo que sim. Mas o que aconteceu naquela sala de cinema para um Diretor de Arte como eu sair em crise com o mundo das imagens? Livro versus filme, palavra versus imagem, Saramago versus Meirelles. Ambos sabem como ninguém contar uma estória. Eu amo cinema, por que sai decepcionado? Será que José é melhor como escritor do que Fernando como cineasta?
O filme é a versão “light” do livro.
Talvez seja isso. Será que as limitações impostas por questões comerciais arruinaram a fita? O inferno que minha mente criou ao ler o texto original foi infinitamente pior ao que vi na tela. Se tivessem dado liberdade total para o Fernando o resultado seria outro? Vou mais longe: se tivessem dado a direção para um diretor mais contundente como Claudio Assis, por exemplo, eu estaria mais satisfeito?
Não quero ser mal interpretado, o filme é bom. Logo no inicio a sensação de flashes de cegueira transmitida pelos reflexos no pára-brisa do carro é sensacional. As soluções de fotografia do Cesar Charlone são muito boas. Mas não sei... faltou alguma coisa.
Uma imagem vale mais que mil palavras? Fica ai a pergunta.
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