segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Te daria meu coração, se tivesse um.

Sobram pernas, braços, bíceps na televisão. Apolos pulam, nadam, lutam, mas não conseguem sair da caixa. É a magia do espírito olímpico, ou a maldição de Nikola Tesla.

Cem olhos se fixam na pequena tela. Brancos, negros, amarelos, todos correm. De quem correm?

Eu sei de quem corro. Sei que não vou vencer. Meus passos são gigantes, faço da Terra a Júpiter em menos de um segundo (quem já me viu olhando para o nada sabe que é verdade). Voltas e voltas na Via Láctea e minha pálida mão me esperando, sempre, no final. Sou obrigado a me olhar nos olhos, não existe revezamento. Estou condenado a um empate infinito num espelho que existe só para me devorar.

Empatar, em alguns casos, é pior que perder.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

NOME PRÓPRIO, o filme

Na primeira cena o filme já diz a que veio. Pelo menos no quesito intensidade. Nada mais justo, vida intensa, filme intenso. E por ai sai Camila, a protagonista, que te pega pelas mãos e te leva para um mergulho vertiginoso na sua pouco convencional vida. As câmeras do Murilo Salles vão atrás e o olhar maduro do diretor intercala crueza e poesia. Não li o livro da Clarah Averbuck, então não posso estabelecer relações entre o original e a fita, mas o filme é muito bom (e tive o privilegio de dizer isso pessoalmente ao diretor). Mas vou mais longe: Nome Próprio é o retrato de uma geração: lembrei de vários jovens autores brasileiros e de seus personagens. Vieram a minha mente o desiludido Felipe (do Flávio Izhaki), a borderline Lorena e o solitário Miguel (do Santiago Nazarian). E se minha cultura fosse maior, provavelmente encontraria mais referências. O filme é sobre busca, e enquanto esperamos o resultado da epopéia podemos ver a Leandra Leal traindo, transando, vomitando. Mas também podemos ver o pôr-do-sol refletido numa pequena janela no cantinho da tela. Poesia para os olhares atentos ou nudez escancarada, você escolhe. Só não escolha não assistir Nome Próprio.