Sobram pernas, braços, bíceps na televisão. Apolos pulam, nadam, lutam, mas não conseguem sair da caixa. É a magia do espírito olímpico, ou a maldição de Nikola Tesla.
Cem olhos se fixam na pequena tela. Brancos, negros, amarelos, todos correm. De quem correm?
Eu sei de quem corro. Sei que não vou vencer. Meus passos são gigantes, faço da Terra a Júpiter em menos de um segundo (quem já me viu olhando para o nada sabe que é verdade). Voltas e voltas na Via Láctea e minha pálida mão me esperando, sempre, no final. Sou obrigado a me olhar nos olhos, não existe revezamento. Estou condenado a um empate infinito num espelho que existe só para me devorar.
Empatar, em alguns casos, é pior que perder.